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FACULDADE
DE TEOLOGIA E FILOSOFIA MARANHENSE
MARCOS VINICIUS
RODRIGUES DA SILVA
O XADREZ COMO
MEDIADOR DO DESENVOLVIMENTO DE CAPACIDADES
COGNITIVAS E
MOTORAS NAS AULAS DE EDUCAÇÃO FÍSICA NO ENSINO
FUNDAMENTAL
TRIZIDELA
DO VALE
2011
MARCOS VINICIUS
RODRIGUES DA SILVA
O XADREZ COMO
MEDIADOR DO DESENVOLVIMENTO DE CAPACIDADES
COGNITIVAS E
MOTORAS NAS AULAS DE EDUCAÇÃO FÍSICA NO ENSINO
FUNDAMENTAL
Monografia apresentada
Monografia apresentada à Faculdade de Teologia e Filosofia
Maranhense – Em comprimento as exigências de conclusão do curso de licenciatura
em Educação Física Escolar.
Orientador:
Prof. Elygardel Ferreira santos
TRIZIDELA
DO VALE
2011
MARCOS
VINICIUS RODRIGUES DA SILVA
O XADREZ COMO
MEDIADOR DO DESENVOLVIMENTO DE CAPACIDADES
COGNITIVAS E
MOTORAS NAS AULAS DE EDUCAÇÃO FÍSICA NO ENSINO
FUNDAMENTAL
Monografia apresentada à Faculdade de Teologia e Filosofia Maranhense
– Em comprimento as exigências de conclusão do curso de licenciatura em Educação Física Escolar.
Data de aprovação: _____
/_____ /_____
Nota: __________
BANCA
EXAMINADORA
___________________________________________________________________________
Profº. Elygardel Ferreira Santos, graduado em Letras
pela Faculdade de Educação São Francisco - FAESF, especialista em Docência do
Ensino Superior, Mestrando em
Ciências da Educação e professor de Língua Portuguesa do
IHELC.
___________________________________________________________________________
1º EXAMINADOR (A):
___________________________________________________________________________
2º EXAMINADOR (A):
Aos meus amigos e familiares
pelo carinho e coragem ao me ajudarem na persistência de alcançar minhas metas.
AGRADECIMENTOS
Primeiramente a Deus que me
deu o dom da vida.
Aos meus pais e familiares
pelo incentivo que tornou possível a realização deste trabalho.
Ao Professor
Elygardel Ferreira Santos pela compreensão e pela Orientação acadêmica.
O xadrez é a arte que
ilustra a beleza da lógica.
RESUMO
O foco do trabalho em evidência incide sobre
o xadrez como mediador do desenvolvimento de capacidades cognitivas e motoras
nas aulas de educação física do ensino fundamental. Seu objetivo é mostrar que
através do xadrez é possível desenvolver nos educandos seu intelecto,
dando-lhes um raciocínio lógico mais aguçado, o que lhes permitirá maiores
chances de êxito nos estudos. O método utilizado foi o analítico-descritivo,
com base apenas em pesquisas bibliográficas. Os resultados mostram que o xadrez
é um dos jogos mais antigos da historia e popular no mundo todo e suas regras e
estratégias são bastantes difundidas. No âmbito escolar o jogo tem relevante
importância, pois auxilia o ensino dos conteúdos escolares desenvolvendo a
personalidade e a capacidade de prever além do obvio melhora a tomada de
decisões lógicas em momentos conflitantes. O jogo e a criança devem caminhar juntos,
o professor deve usar de artifícios lúdicos para que o interesse não seja
perdido. Na matemática o xadrez tem relevante importância pois é um meio capaz
de desenvolver no aluno a capacidade de reflexão motivando sempre a aprender e
a realizar descobertas. No jogo estão implícitas as noções de espaço de
aritmética (valor das peças e noções de troca) de análise combinatória, calculo
de possibilidades e estatística mais o jogo de xadrez não estimula apenas
aspectos matemáticos mais cognitivos.
Palavras-Chave: Jogo de xadrez. Lógico-matemática. Aspectos
cognitivos. Aula com crianças.
ABSTRACT
The focus of the work in evidence happens on the chess as mediator of
the development of cognitive and motive capacities in the classes of physical
education of the fundamental teaching. Its objective is to show that through
the chess it is possible to develop in its students intellect, giving them a
sharpened logical reasoning, what will allow them larger chances of success in
the studies. The used method was the analytic-descriptive, with base just in
bibliographical researches. The results show that Chess is one of the oldest games in history and popular around the world and its rules and strategies are widespread. In the school play is of great significance, because it helps the teaching of school subjects developing the personality and ability to predict beyond the obvious improved decision-making logic at times conflicting. The game and the child must come together, the
teacher should use for entertainment devices so that the interest is not lost. In mathematics, chess is of great significance because it is a medium capable of developing in students the capacity for
reflection always motivated to learn and make discoveries. In the game are implicit notions of space arithmetic (value of parts and
notions of exchange) in combinatory, and statistical calculation possibilities over the game of chess, it only encourages more cognitive aspects of mathematics.
Key Words: Chess game. Logical-mathematical. Cognitive. Classroom with
children.
SUMÁRIO
1
INTRODUÇÃO................................................................................................................... 10
2 EDUCAÇÃO E JOGO........................................................................................................ 12
2.1 A essência do jogo
na escola: aprender de forma lúdica............................................... 12
2.2 O trabalho do
professor perante o jogo.......................................................................... 14
3
O JOGO DE XADREZ NAS DIVERSAS ÁREAS DO SABER.................................... 15
3.1 Na matemática................................................................................................................... 15
3.2 Na história e nas
artes....................................................................................................... 15
3.3
Na ciência........................................................................................................................... 17
4 O XADREZ SOB O PRISMA DA TEORIA
DAS INTELIGÊNCIAS MÚLTIPLAS 19
4.1 Considerações
gerais sobre a teoria das inteligências múltiplas.................................... 19
4.1.2
Linguística....................................................................................................................... 20
4.1.3 Lógico-matemática......................................................................................................... 21
4.1.4 Espacial........................................................................................................................... 22
4.1.5
Corporal-cinestésica....................................................................................................... 23
4.1.6 Musical............................................................................................................................ 24
4.1.7
Interpessoal..................................................................................................................... 25
4.1.8 Intrapessoal..................................................................................................................... 25
4.1.9 Naturalista...................................................................................................................... 26
5
A EDUCAÇÃO FÍSICA E O JOGO DE XADREZ........................................................ 27
5.1 Xadrez nas aulas de educação física:
o cognitivo e o físico do aluno............................ 27
6
CONCLUSÃO..................................................................................................................... 29
REFERÊNCIAS................................................................................................................. 30
ANEXOS............................................................................................................................. 32
1 INTRODUÇÃO
Com as crescentes transformações do
mundo, decorrentes de um fenômeno chamado globalização, o mercado de trabalho
mudou de face. Hoje não basta ser inteligente, é necessário possuir uma gama de
habilidades e adaptar-se rapidamente as novas tecnologias, sob este aspecto
devemos analisar o papel da escola, uma vez que é no seio dela que se prepara
os futuros cidadãos e profissionais que atuarão nas mais diversas áreas do
saber.
Infelizmente, percebe-se
explicitamente que as escolas são mal preparadas para formar este tipo de
profissional, pois observa-se que a maioria dos alunos do ensino básico tem
como principais dificuldades o trabalho com números, resolução de problemas,
formulação de idéias e interpretação de textos, evidenciando a falta de meios
mais interessantes e eficazes de ensinar.
Uma boa alternativa seria o uso do
jogo de xadrez nas aulas de educação física, o que vem apresentando bons
resultados em muitas unidades de ensino. No entanto, as escolas da região do
médio Mearim, Estado do Maranhão, ainda não incorporaram essa proposta ao seu
currículo.
Assim,
optou-se por elaborar o presente trabalho monográfico, cujo objetivo é mostrar
que através do xadrez é possível desenvolver nos educandos seu intelecto,
dando-lhes um raciocínio lógico mais aguçado, o que lhes permitirá maiores
chances de êxito nos estudos.
Este trabalho vem, pois, com a
intenção de incentivar a prática do jogo de xadrez na escola como forma de
corrigir as deficiências dos alunos do ensino básico, tendo em vista o seu
grande valor didático, ajudar a desenvolver habilidades cognitivas nas crianças
que são tão necessárias a vida.
O xadrez na área educacional contribui
para a memorização, raciocínio, resolução de problemas, imaginação e
criatividade e essencial para que os alunos de hoje possam ser cidadãos
participantes de amanham.
Este
trabalho seguiu o método analítico-descritivo, com base em pesquisa
bibliográfica, como forma de levantar dados e analisá-los sob este enfoque: O
xadrez como mediador do desenvolvimento de capacidades cognitivas e motoras nas
aulas de educação física no ensino fundamental.
O
mesmo está estruturado em cinco partes, cuja primeira é a introdução. A segunda
dar ênfase a importância do jogo e o relaciona com a educação. Em seguida
fala-se a respeito do xadrez agindo cognitivamente em diversas áreas. A quarta
parte demonstra a aplicabilidade do xadrez em todas as inteligências de Gardner.
O último capítulo discorre sobre o jogo de xadrez nas aulas de educação física
e mostra a visão do CREF a este respeito.
Espera-se
que as informações aqui expressas possam servir de subsídio para educadores em
todo o Brasil, a fim de que os mesmos passem a utilizar o xadrez com eficiência
na escola.
6
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2 EDUCAÇÃO E JOGO
É
imperioso conhecer como o jogo pode se tornar um forte aliado nas tarefas
pedagógicas, haja vista seu enorme potencial de desenvolver o intelecto dos
alunos de forma divertida. No entanto, nem todos os docentes conseguem ver
neste recurso uma alternativa para suas aulas. Por conta disso, faz-se
necessário olhar de perto os pressupostos teóricos de especialistas que
defendem o uso do jogo no processo de ensino aprendizagem.
2.1
A essência do jogo na escola: aprender de forma lúdica
O
jogo na escola facilita a recreação, integração e interação dos alunos,
favorecendo o ensino dos conteúdos escolares, além de diagnosticar a
personalidade da criança e servir de base para ajudar o professor a ajustar o
ensino dos conteúdos didáticos às necessidades das crianças, quer sejam por
dificuldades de aprendizado, quer sejam por fatores de personalidade. Mas,
afinal o que é o jogo?
O jogo é uma atividade ou
ocupação voluntária, exercida dentro de certos e determinados limites de tempo
e de espaço, segundo regras livremente consentidas, mas absolutamente
obrigatórias dotadas de um fim em si mesmo, acompanhado de um sentimento de
tensão e de alegria, de uma consciência de ser diferente da vida cotidiana. (HUIZINGA, 1996,
p.1).
Essa
proposta pedagógica em sala de aula propicia a interação entre parceiros e
grupos, o que é um fator de grande avanço cognitivo, pois durante os jogos a
criança depara-se com decisões conflitantes acerca da partida e com seus
adversários e reexamina seus conceitos reconhecendo erros por ela cometidos e observa
os do colega de jogo, debatendo opiniões e trabalhando o principio de que podem
chegar a um denominador comum ajudando a formar de maneira positiva a
personalidade do aluno.
À
medida que a criança se desenvolve, os jogos tornam-se mais significativos,
porque através da manipulação de materiais variados, ou seja, lidar com
problemas que mudam posições e pontos de vista diferentes, ela poderá inventar
coisas, reconstruir objetos.
Além
disso, os jogos passam a ter significados positivos e de grande utilidade
quando o professor proporciona um trabalho coletivo, de cooperação, de
comunicação e socialização. Por meio dos jogos as crianças não apenas vivenciam
situações que se repetem, mas aprendem a lidar com símbolos e a pensar por
analogias.
A
ferramenta jogo no meu escolar tem por obrigação fazer parte de uma linguagem
que segue a um contexto; seu sistema de regras que ajuda a identificá-lo com
mais precisão isso ajuda na simplificação do mesmo, porque o jogo utiliza-se de
um objeto visual, palpável e concreto
com lógica e fundamentos, por exemplo, o xadrez se materializa no tabuleiro e
nas peças.
Todas
tomam iniciativas, levantam e defendem suas opiniões em relação aos de seus
companheiros de grupo. Nesse espaço, a criança tem a oportunidade de observar e
ser observada, falar e ouvir, criticar e sugerir, pensar para fazer
compreender. Somente assim o jogo estará contribuindo pedagogicamente para o
conhecimento e para o processo de desenvolvimento global da criança.
Criança
e jogo caminham juntos desde o momento em que se fixa a imagem da criança como
um ser que brinca. Portador de uma especificidade que se expressa pelo ato
lúcido, à infância carrega consigo as brincadeiras que se perpetuam que se
renovam a cada geração, pois o jogo e um aspecto cultural.
Esta
visão é bem assimilada pelo historiador e filósofo holandês Johan Huizinga, em
1938, no livro Homo Ludens. O autor diz que o jogo é uma categoria tão
essencial quanto o raciocínio e a fabricação de objetos, essa é a base da civilização
humana que se desenvolveu através de elementos lúdicos. Segundo Huizinga (1996,
p.3)
O jogo é fato mais
antigo que a cultura, pois esta, mesmo em suas definições menos rigorosas,
pressupõe sempre a sociedade humana; mas, os animais não esperaram que os homens
os iniciassem na atividade lúdica. É-nos possível afirmar com segurança que a
civilização humana não acrescentou característica essencial alguma à idéia
geral de jogo. Os animais brincam tal como homens.
Assim,
antes de implantar o jogo de xadrez é necessário que se tenha a idéia que o
jogo está naturalmente na criança, por ser um fato cultural pertinente a ela
mesma e deve ser repassados como um problema para o aluno tentar resolver,
levando-o a procura de uma solução criativa e inteligente, ajudando assim na
sua aprendizagem, mas nunca se esquecendo do caráter lúdico que a didática dos
jogos exige.
É através do jogo que a
criança imagina-se atuando nas atividades de adultos que ainda não pode
realizar. Ela passa a realizar seus desejos numa situação imaginária.
Observa-se que no brinquedo a criança sempre se comporta além da postura atual
de sua idade, e sua atitude diária no brinquedo é como se ela fosse maior do
que é na realidade. (VYGOTSKY 1996, p.83).
Essas
declarações deixam margem para se concluir que o objetivo principal do jogo é
desenvolver a criança com o lúdico sem tornar as atividades enfadonhas, se o
xadrez for repassado como qualquer outra matéria, ou seja, somente de maneira
teórica, o professor correrá o risco de tornar as atividades ineficientes, pois
assim ele da à ideia de obrigatoriedade levando-o ao fracasso.
2.2
O trabalho do professor perante o jogo
É
visível a importância do professor no desenvolvimento do aluno, visto que é
responsabilidade dele o sucesso ou fracasso na aplicabilidade dos jogos, em
especial o xadrez. Antes de aplicar o jogo cabe ao educador estar preparado e
preparar os alunos para sua prática.
Tratar o jogo de maneira simples ajuda na
condução do trabalho, portanto nada de idéias mirabolantes. O ideal é que o
docente trabalhe com idéias concretas de resultado palpável fazendo do jogo um
meio de competição sadia que se constrói através do respeito pelo adversário,
onde ele aprende a ganhar e perder, e que seja visto como algo normal do
próprio jogo em si, despertando nele o espírito de cooperação. A respeito do
papel do educador na utilização dos jogos, convém analisar o seguinte
comentário:
8
|
Elemento
indispensável e imprescindível na aplicação dos jogos é o professor. Um profissional que assume sua crença no poder de
transformação das inteligências, que desenvolve
o jogo com seriedade que estuda sempre e aplica cada vez mais desenvolver uma linha não limita a sua
sensibilidade, alegria e entusiasmo. Um promotor de brincadeiras que saiba brincar. (ANTUNES, 2000, p 12).
Percebe-se com isso que o
professor tem um grande papel social e deve sempre procurar inovar no seu
trabalho. Ele deve “trazer uma proposta que procure democratizar, humanizar e
diversificar a prática pedagógica da área, buscando ampliar, de uma visão
apenas biológica, para um trabalho que incorpore as dimensões afetivas,
cognitivas e socioculturais dos alunos.” (BRASIL, 1998, p.15).
Além
disso, os problemas levados pelo professor têm riquíssimo valor didático, pois
estimulam “O aprofundamento sobre a
realidade através da problematizarão de conteúdos desperta no aluno curiosidade
e motivação” (SOUSA JÚNIOR et al,
1992, p.62).
Em
outras palavras, cabe ao professor mostrar possíveis adaptações ou modificações
do jogo, motivando as crianças a jogar, pois quando ele joga, raciocina
intensamente, sendo interessante trabalhar com os alunos de uma forma concreta
na resolução dos problemas.
9
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3
O JOGO DE XADREZ NAS DIVERSAS ÁREAS DO SABER
Os
especialistas acreditam que o xadrez pode manter uma zona de aproximação com
todos os campos do conhecimento humano, pois sua dinâmica é multidisciplinar.
Entender quais os pontos em comum entre xadrez e outras áreas é um passo
importante para se tornar um bom professor de educação física.
3.1
Na matemática
Na
aprendizagem de cálculos, frações e probabilidades como é o caso da matemática,
o jogo de xadrez assume um lugar de destaque, uma vez que é uma meio capaz de
desenvolver no aluno a capacidade reflexiva motivando-o a aprender e a realizar
descobertas. Nesse sentido, poderá contribuir também para que o aluno
compreenda melhor os conteúdos e torne a construção do conhecimento matemático
mais interessante, contextualizado e significativo.
No
exercício do jogo estão implícitas as noções de espaço, de aritmética (valor
das peças e noções de troca), de análise combinatória, cálculo de
possibilidades e estatísticas. Por isso, não raros foram os enxadristas que
partiram da matemática para o xadrez e vice-versa, ou que ainda atuaram nas
duas áreas ao mesmo tempo. Sugere-se a utilização do xadrez como meio para o
desenvolvimento do raciocínio lógico e manter a concentração combatendo um
grande problema nas aulas de matemática a dispersão.
A concentração, pode explicar-se
como uma intensa actividade mental, dirigida a um sector delimitado da nossa
actividade. Permite a um jogador, actualizar as aprendizagens realizadas com
antecedência, e “bloquear” aquelas que não têm a ver com o objecto da
actividade que se está a desenvolver. (VANINE, 2009, p.1)
A
inteligência lógico-matemática
possibilita calcular, quantificar, considerar proposições e
hipóteses e realizar operações complexas e tem relação íntima com o xadrez,
pois no xadrez é necessário calcular jogadas, ter ideia de quantidade e
proporções de peças no tabuleiro, elaborar hipóteses de ataque, buscando pontos
débeis no lado do oponente e realizar operações complexas como calcular
sequências de jogadas lógicas que levem a vitória.
3.2 Na história e nas artes
A
gravura, o desenho e as pinturas também deram a sua colaboração no registro
histórico do xadrez, pois o mundo já apreciou boa quantidade de obras de arte
com esta temática.
No campo da história e das
artes plásticas o xadrez não deixa a desejar, pois provoca nos artistas o
funcionamento da incessante máquina criativa, desde a sua invenção até os dias
atuais. Placas esculpidas em madeira, bronze ou qualquer outro material, contam
a história dos seus criadores. (BAUER, 2003, p.1)
O Xadrez é um
dos mais antigos jogos do mundo. Praticado em toda a parte do globo, com
princípios transmitidos por gerações como: tabuleiro quadriculado, peças de
hierarquia com movimentos distintos, materiais em igualdade, captura de peças
por substituição e o objetivo ou um deles é capturar a principal peça do
adversário.
Existem
várias referências sobre o Xadrez, mas a primeira data do Século VII ao norte
da Índia. Com o tabuleiro quadriculado conhecido muitos séculos antes e
utilizado para um jogo de dados. E neste século vem a citação mais antiga de um
jogo que se assemelha com o Xadrez, mas o jogo tende a ser mais antigo do que
isso.
Esse jogo
era conhecido como Chaturanga, poderia ser jogado em até quatro oponentes, onde
os exércitos se enfrentavam no tabuleiro. O tabuleiro era composto por 4 grupos
de 8 peças determinadas como Rei (Rajá), Elefante, Cavalo e Barco (ou
Carruagem), além da Infantaria.
Em uma das
suas versões, as peças eram movimentas através da determinação de um dado. Documentos
relatam a presença de um jogo chinês semelhante ao Chaturanga, dois séculos
mais tarde.
Mas não se
sabe qual surgiu primeiro ou vieram de uma mesma vertente. É até possível que o
Chaturanga tenha vindo do jogo Chinês, embora essa tese não seja aceita pela
maioria dos especialistas.
Da Índia até
a Europa, houve um grande caminho percorrido. Passou pela Pérsia (atual Irã)
onde ganhou o nome de Chatrang e algumas modificações. Com a conquista da
Pérsia pelos Árabes alguns séculos mais tarde, levaram o jogo.
Foi entre os
árabes que o então chamado Shatrang conheceu um verdadeiro desenvolvimento. A
entrada do Xadrez na Europa Medieval se deu, possivelmente, por intermédio do
mundo islâmico via Espanha e Itália, embora não seja certo.
Espalhou-se
por diversas regiões, tomando caminhos diferentes de desenvolvimento e dando
origem a inúmeras variantes regionais. Foi por volta do Século XVII que o
Xadrez chegou a sua forma “definitiva”, da maneira como é jogado até hoje.
No século XIII as casas do tabuleiro passaram a ser
dividas em duas cores para facilitar a visualização dos enxadristas. O duplo
avanço do peão em sua primeira jogada surgiu em 1283, em um manuscrito europeu.
Mas uma das principais alterações aconteceu
aproximadamente em 1485, na renascença italiana, surgindo no xadrez a figura da
“rainha enlouquecida”. Até esta época não existia ainda a peça rainha, e em seu
lugar havia uma chamada Ferz, que era uma espécie de Ministro. Ele, que só
podia deslocar-se uma casa por vez pelas diagonais, transformou-se em Dama
(Rainha) ganhando o poder de mover-se para todas as direções.
A transformação de uma peça masculina em Rainha pode
ser considerada como um indício da crescente valorização da mulher durante o
período medieval, mas também como metáfora de uma sociedade dominada por um
casal monárquico. Porém, para o psicanalista Isador Coriat é possível que esta
metamorfose tenha sido motivada por uma tendência a identificar-se
inconscientemente o xadrez com a estrutura do complexo de Édipo, o Rei
simbolizando o pai e a Rainha a mãe.
Por volta de 1561 o padre espanhol Ruy Lopez hoje
considerado o melhor jogador daquela época, pois como não existia campeonato
mundial só podemos supor a sua superioridade, propôs a utilização do roque.
Esta alteração será aceita na Inglaterra, França e Alemanha somente 70 anos
depois.
O movimento En Passant já era usado em 1560 por Ruy
Lopez, embora não se conheça seu criador. Em vinte anos as inovações
espalham-se e as duas modalidades de xadrez coexistem por toda a Europa. A nova
maneira de jogar imprime um maior dinamismo às partidas, devido à grande
riqueza combinatória que ela proporciona, e o antigo xadrez é, rapidamente,
relegado ao esquecimento.
10
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3.3 Na ciência
É
muito estreita a relação entre xadrez e ciência, pois seus colaboradores
criaram inúmeros livros que descrevem métodos lógicos para se chegar a vitória,
bem como teorias bem elaboradas e observações feitas por grandes mestres por
este motivo é que o xadrez também é considerado uma ciência. Uma definição possível de ciência é:
“conjunto organizado de conhecimentos relativos a um determinado objeto,
especialmente os obtidos mediante a observação, a experiência dos fatos e um
método próprio” (FERREIRA, 1986, p. 404).
No
estímulo de capacidades importantes para o desenvolvimento da criança, o jogo é
muito eficiente por promover raciocínio lógico. Se o xadrez é para alguns
esportes, e para outras arte e ciência, não é menos certo que constitui um dos
recursos pedagógicos mais preciosos que a civilização inventou, síntese de
muitas qualidades em uma só atividade.
É inegável que este jogo
estimula cinco capacidades do desenvolvimento cognitivo: raciocinar na busca de
meios adequados para alcançar um fim; organizar uma variedade de elementos para
uma finalidade; imaginar concretamente situações concretas futuras próximas;
prever as prováveis conseqüências de atos próprios e alheios; tomar decisões
vinculadas a resolução de problemas. (PEREIRA, 2005, p.1)
Desenvolve
a imaginação, educa a atenção e contribui para formar o espírito de
investigação, além de provocar criatividade e desenvolver a memória. Por outro
lado é uma atividade recreativa que permite à criança assumir uma atitude
própria, integrando-a plenamente em seu grupo social.
O xadrez como jogo: é esporte, competição,
treino, divertimento ou ate profissionalismo. O xadrez como ciência: é técnica,
estudo, pesquisa, imaginação e calculo de probabilidades. O xadrez como arte: é
beleza, emoção, admiração, criatividade e estética.
11
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13
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4
O XADREZ SOB O PRISMA DA TEORIA DAS INTELIGÊNCIAS MÚLTIPLAS
As
inteligências múltiplas revelam capacidades do intelecto humano de forma
variada. Estas podem ser aperfeiçoadas ao longo da vida por intermédio de
muitos fatores, dentre eles o jogo de xadrez se destaca. Por esta razão, convém
analisar este jogo sob o prisma das inteligências múltiplas.
4.1 Considerações gerais
sobre a teoria das inteligências múltiplas
Até
os anos 80 às escolas utilizavam os chamados testes de Q.I sigla em Inglês
(coeficiente a inteligência) que mediam a inteligência lógica para problemas de
cálculos e conhecimentos lingüísticos, conhecida como g. Baseado em uma síntese
de evidências e observações o professor da Universidade de Harvard, Dr. Gardner
formulou uma teoria chamada de Inteligência Múltipla ou IM.
A
teoria tem como pilar de sustentação, o fato que a Inteligência é sinônimo de
talento ou dom. Com a teoria de Gardner a inteligência é vista como um
potencial biopsicológico; o domínio de disciplinas ou ofícios praticados em
sociedade; e o campo, o conjunto de instituições e juízes que determinam quais
são os produtos dentro de um domínio que merecem mérito.
Inteligência é a capacidade de resolver problemas ou de
elaborar produtos que sejam valorizados em um ou mais ambientes culturais ou
comunitários”, sendo que a capacidade de resolver problemas “[...] permite à
pessoa abordar uma situação em que um objetivo deve ser atingido e localizar a
rota adequada para esse objetivo” e a criação de um produto cultural “[...] é
crucial nessa função, na medida em que captura e transmite o conhecimento ou
expressa às opiniões ou os sentimentos da pessoa. (GARDNER,
1995, p.14)
As
definições de inteligência são moldadas pela época, lugar e cultura em que elas
evoluem. Os domínios do conhecimento necessários para a sobrevivência da
cultura, os valores inseridos na cultura e o sistema educacional que instrui e
estimula as várias competências dos indivíduos.
A
inteligência é algo difícil de mensurar, existem inteligências diversificadas,
e umas mais evidenciadas do que outras. Sua origem é interessante, acompanhando
o desempenho profissional de pessoas que haviam sido alunos fracos, Gardner se
surpreendeu com o sucesso obtido por vários deles. O pesquisador passou então a
questionar a avaliação escolar, cujos critérios não incluem a análise de
capacidade que, no entanto, são importantes na vida das pessoas.
Nós acreditamos que os indivíduos podem diferir nos perfis particulares
de inteligência com os quais nascem, e que certamente eles diferem nos perfis
com os quais acabam. Eu considero as inteligências como potenciais puros,
biológicos, [...]. As inteligências funcionam juntas para resolver problemas,
para produzir vários tipos de estados finais culturais – ocupações, passatempos
e assim por diante. (GARDNER, 1995, p. 15-16)
Ainda sobre o perfil de inteligências apresentado em um
indivíduo, Gardner afirma:
Acreditamos que a competência cognitiva humana é melhor descrita
em termos de um conjunto de capacidades, talentos ou habilidades mentais que
chamamos de “inteligências”. Todos os indivíduos normais possuem cada uma
dessas capacidades em certa medida; os indivíduos diferem no grau de capacidade
e na natureza de sua combinação. (GARDNER, 1995, p. 20)
Pode-se concluir
que nos moldes convencionais de avaliação escolar, limita-se á valorização da
competência lógico matemática e da lingüística. Se
um Indivíduo possui competência refinada nessas áreas, é provável que tenha um
bom desempenho em testes e seja aceito por uma das grandes Universidades.
Porém, tais testes não poderão prever se o aluno irá sair-se bem após o término
de seu curso, uma vez que tenha atingido o que Gardner chama de estados finais,
ou seja, a delimitação do perfil das competências que resulta no desempenho de
um determinado papel na comunidade.
Embora a maior parte das pessoas possua todo o espectro das inteligências,
cada indivíduo revela características cognitivas distintas. Possuímos
quantidades variadas das oito inteligências e as combinamos e usamos de
maneiras extremamente pessoais. Restringir os programas educacionais ao
predomínio de inteligências lingüísticas e matemáticas minimiza a importância
de outras formas de conhecimento. Assim, muitos alunos que não conseguem demonstrar
as inteligências acadêmicas tradicionais ficam confinados à baixa estima e seus
pontos fortes podem permanecer não percebidos e perdidos, tanto para a escola
quanto para a sociedade em geral. (CAMPBELL,
2000, p.20)
14
|
Tendo
em mente que cada indivíduo tem diferentes formas de inteligência podemos
sugerir que o jogo de xadrez seja usado como um mediador na classificação,
quantificação e adaptação dos conteúdos escolares bem como em multiplicar
capacidades a seguir, encontram-se as oito inteligências descritas por Gardner
e resumidas por Armstrong (2001, p.14) e explicaremos como o jogo pode
trabalhar de maneira positiva nas inteligências.
4.1.1
Lingüística
A capacidade
de usar os componentes como sensibilidade para os sons, ritmos e significados
das palavras, além de uma especial percepção das diferentes funções da
linguagem que pode ser palavras de forma efetiva, ou seja, oralmente ou
escrevendo e chamada por Gardner como Inteligência Lingüística.
Também podemos classificar Inteligência
Lingüística como à habilidade de usar a linguagem para convencer, agradar,
estimular ou transmitir idéias. Esta inteligência inclui a capacidade de
manipular a sintaxe ou a estrutura da linguagem, a semântica ou os significados
da linguagem, e as dimensões pragmáticas ou o uso pratica da linguagem. Alguns
desses usos incluem a retórica, a explicação e a metalinguagem.
É provável que um indivíduo dotado de alta capacidade
lingüística escute e responda ao som, ao ritmo à cor e à variedade da palavra
falada, imite os sons, a linguagem, a leitura e a escrita dos outros, aprenda
através de escuta, leitura, escrita e discussão, escute eficientemente,
compreenda, parafraseie, interprete e recorde-se do que foi dito, leia
eficientemente, compreenda, resuma, interprete ou explique e recorde-se do que
foi lido. (CAMPBELL, 2000, p.29)
Muitos
aspectos desta inteligência podem ser desenvolvidos através do xadrez, um bom
exemplo e que em um grupo de crianças que o praticam e natural que queiram
expor o seu ponto de vista em relação a um lance do jogo ou ate mesmo a própria
regra do jogo etc. O xadrez exige criatividade e conhecimento por isso os
alunos repassam idéias e estratégias que descobriram ou leram em algum lugar,
desenvolvendo por tanto a capacidade de transmitir conhecimento e idéias,
quanto surgem divergências de idéias durante o jogo e natural que exista
debates entre eles, o professor também pode pedir aos alunos para escreverem
redações, poemas, teorias e palavras que utilizem o tema.
4.1.2 Lógico-matemática
Há
muito tempo as pessoas relacionam o jogo de xadrez com a matemática, isso
ocorre devido ao jogo ser um aliado no desenvolvimento das capacidades mentais
e da inteligência. É importante compreender os principais aspectos que permeiam
essa característica, especialmente na dimensão lógico-matemática.
Inteligência
Lógico-matemática é a capacidade de lidar com números, símbolos e problemas de
natureza matemática, de maneira surpreendentemente rápida, esta inteligência possui
uma natureza não-verbal, portanto, a solução de um problema pode ser construída
antes de ser articulada, e o processo de solução pode ser totalmente invisível
até mesmo para o indivíduo que
resolve o problema.
Uma pessoa que exiba um bom potencial lógico matemático
reconhece os objetos e sua função no ambiente, está familiarizada com os
conceitos de quantidade, tempo causa e efeito, usa símbolos abstratos para
representar objetos e conceitos concretos, percebe padrões e relacionamentos,
levanta e testa hipóteses, usa diversas habilidades matemáticas, como realizar
estimativas, cálculo de algoritmos, interpretação de estatística e
representação visual de informações em forma gráfica. Também tem a habilidade
de pensar de forma abstrata e matemática, reunindo evidências, criando
hipóteses, formulando modelos, desenvolvendo contra exemplos e construindo
argumentos fortes. (CAMPBELL, 2000, p. 52)
Um dos
exemplos do jogo de xadrez está na trigonometria. Não é necessária uma análise
profunda para percebermos que o xadrez poderia ser utilizado nos estudos de
potenciação, estatística, probabilidade etc.
Será que
cada “casa” não poderia ser associada a
uma unidade de área ocupada por uma peça? Quantas dessas unidades estão
ocupadas quando todas as peças estão presentes no tabuleiro? Que percentagem do
total representa esse num erro?
Conseqüentemente,
é fácil observar que outros aspectos da matemática podem ser abordados em
paralelo.
As poucas
situações apresentadas (e pouco exploradas) são suficientes para mostrar que a
fonte de idéias que representam o jogo de xadrez é, praticamente, inesgotável.
A proposta
do jogo de xadrez no ensino da geometria não deve representar apenas uma
sugestão de aula, mas incentivar o professor a ser mais criativo, a fazer
pesquisas e ministrar aulas diferentes, interessantes, que cativem o aluno.
15
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4.1.3
Espacial
O
pensamento visual esta presente em toda atividade humana e a capacidade de perceber
com precisão o mundo visual e de realizar transformações sobre essas
percepções. Esta inteligência envolve sensibilidade à cor, linha, forma,
configuração e espaço, e às relações existentes entre estes elementos. Ela
inclui a capacidade de visualizar, de representar graficamente idéias visuais
ou espaciais e de orientar-se apropriadamente em uma matriz espacial.
A solução de problemas espaciais é necessária na navegação e
no uso do sistema notacional de mapas. Outros tipos de solução de problemas
espaciais são convocados quando visualizamos um objeto de um ângulo diferente,
e no jogo de xadrez. As artes visuais também utilizam esta inteligência no uso
do espaço. (GARDNER, 1995, p.26).
Existem
indivíduos que possuem esta inteligência superdesenvolvida e podem realizar
feitos incríveis como: aprender através da visão e da observação, reconhecendo
fisionomias, objetos, formas, cores, detalhes e cenas; perceber e produzir
imagens mentais, pensar através delas e visualizar detalhes, usando as como
auxílio para recordar informações.
Há muitos
relatos de jogadores de xadrez famosos que após atingir um nível de treinamento
e experiência profunda, desenvolveram a inteligência espacial muito próximo do
seu Máximo conseguindo, por exemplo, jogar com vários tabuleiros de olhos
vendados.
Tendo em
vista que o xadrez e um esporte imaginativo e que as peças e o tabuleiro são
apenas representações visuais podemos então imaginá-las e prever jogadas que
ainda não aconteceram visualizando mentalmente o lance do adversário.
Para
desenvolver esta inteligência jogando xadrez não e necessário treinamentos ou
exercícios especiais, pois esta capacidade imaginativa de profundidade e
memória fotografia já faz parte do mundo do xadrez e se aprende jogando
naturalmente.
4.1.4
Corporal - sinestésica
Este tipo de
inteligência é o que mais se distancia das visões tradicionais do que conta
como intelecto humano, pois usa o corpo e suas habilidades motoras em vez de
usar primordialmente a mente como faz as outras inteligências.
Esta
inteligência inclui habilidades físicas especificas, tais como a coordenação, o
equilíbrio, destreza, força, flexibilidade e velocidade, assim como capacidades
proprioceptivas, táteis e ópticas.
A inteligência corporal-cinestésica envolve o uso de todo o
corpo ou de partes do corpo para resolver problemas ou criar produtos. Operações
centrais associadas a essa inteligência são o controle sobre as ações motoras
amplas e finas e a capacidade de manipular objetos externos.
(GARDNER;
KORNHABER; WAKE, 1998, p.221)
Pessoas
dotadas desta inteligência aprendem melhor com o que foi feito e não com o que
foi dito, o professor deve mostrar e não apenas verbalizar não e difícil
imaginar exercícios simples para motivar o aluno a aprender observando e
fazendo, o xadrez deve ser mostrado a este aluno de maneira dinâmica com muitas
brincadeiras favorecendo o lúdico para que ele não perca o interesse e assim
possa desenvolver outras inteligências.
Pessoa dotada de um bom desenvolvimento corporal-cinestésico
aprende melhor através do desenvolvimento e da participação diretos,
lembrando-se mais claramente do que foi feito do que daquilo que foi dito ou
observado. Este indivíduo mostra destreza no trabalho realizado com movimentos
motores restritos ou amplos, é sensível e reage a ambientes e sistemas físicos,
além de demonstrar preocupação com a melhora do desempenho físico e com padrões
de vida saudáveis. Pessoas dotadas dessa inteligência podem exercer papéis como
atletas, dançarinos e coreógrafos. (CAMPBELL, 2000,
p. 79)
4.1.5
Musical
A
inteligência musical permite as pessoas criar, interpretar e transformar sons e
a capacidade de perceber, discriminar, transformar e expressar formas musicais.
Esta inteligência inclui sensibilidade ao ritmo, tom ou melodia, e timbre de
uma peça musical.
Esta inteligência se manifesta através de uma habilidade
para apreciar, compor ou reproduzir uma peça musical. Inclui discriminação de
sons, habilidade para perceber temas musicais, sensibilidade para ritmos,
texturas e timbre e habilidade para produzir e/ ou reproduzir música. A criança
com habilidade musical especial percebe desde cedo diferentes sons no seu
ambiente e, freqüentemente, canta para si. (GARDNER,
KORNHABER, WAKE, 1998, p.217-219)
Esta
inteligência se faz muito necessária para algumas profissões como compositores,
maestros e instrumentistas, assim como em peritos em acústica e engenheiros de
áudio. Podemos ter um entendimento figural ou “geral” da musica, um
entendimento formal ou detalhado ou ambos.
A pessoa com inteligência musical refinada ouve e responde
com interesse a uma variedade de sons, incluindo a voz humana, os sons
ambientais e a música, e organiza esses sons em padrões significativos. Também
aprecia e busca oportunidades para ouvir música ou sons ambientais no ambiente
da aprendizagem e reage à música cinestésicamente, regendo, executando, criando
ou dançando, e, emocionalmente, reagindo aos humores e aos andamentos.
Intelectualmente, responde através da discussão e da análise, explorando seu
conteúdo e o significado. (CAMPBELL, 2000, p. 133)
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Aparentemente
esta capacidade é o que tem menos relação com o jogo de xadrez, mas sabemos que
as crianças têm dificuldade de se concentrar, pois se distraem muito rápido. O
xadrez deve trabalhar em parceria com as aulas de música, devido os seus
resultados positivos acerca da capacidade de concentração, atenção e
interpretação de códigos, o que ajuda, por exemplo, a interpretar partitura,
além de disciplinar no controle das emoções. Imagine uma criança com um ataque
de nervos devido a uma apresentação. A música trabalha também a confiança e
disciplina.
4.1.6
Interpessoal
Emprega
capacidades centrais, que são dois estágios: reconhecer e fazer distinção entre
sentimentos. Quem possui esta capacidade tem facilidade para perceber as
intenções, motivações e sentimentos das outras pessoas. Isso pode incluir
sensibilidade a expressões faciais, voz e gestos; a capacidade de discriminar
muitos tipos diferentes de sinais interpessoais; e a capacidade de responder
efetivamente a estes sinais de uma maneira pragmática.
Indivíduos interpessoais têm a habilidade de compreender e
comunicar-se efetivamente, de modos tanto verbais quanto não verbais, além de
perceber perspectivas diferentes em qualquer questão social ou política e
desenvolver novos processos ou modelos sociais. (CAMPBELL,
2000, p. 151)
Um
das propostas pedagógicas do jogo de xadrez e propiciar os alunos uma maior
integração social, para que eles aprendam não só com o professor mais entre-se
e ensinem os colegas, debatam e busquem um denominador. Quando ocorre duvidas
durante a partida e natural que o aluno se oriente com outro aluno tornado um
xadrez o grande circulo de integração escolar.
4.1.7
Intrapessoal
Socialmente,
essa capacidade intelectual é o que nos faz obter mais sucesso na vida
profissional e pessoal. Pode ser descrita como Autoconhecimento. E relativa às
decisões que tomamos a cerca da nossa própria vida.
Pessoas em posse de um alto grau dessa inteligência
geralmente trabalham de maneira independente, encontram abordagens e modos de
expressar seus sentimentos e pensamentos, lutam pela auto-realização e pela
busca e compreensão das experiências internas, além de estimularem outras
pessoas. (CAMPBELL, 2000, p. 178)
Assim,
ressaltamos a importância desta inteligência que deve ser estimulado no meio
escolar por meio dos jogos, pois agem didaticamente fazendo a criança tomar
decisões que afetaram de maneira positiva ou negativa o decorrer da partida, em
um esporte como o xadrez onde qualquer erro pode ser fatal e pesar bem em cada
decisão é essencial, só mostram o quanto esta modalidade é importante no
desenvolvimento do aluno. O xadrez ajuda a construir uma imagem precisa de si
mesmo; consciência dos estados de humor, intenções, motivações, temperamento e
desejos; e a capacidade de autodisciplina, auto-entendimento e auto-estima.
4.1.8
Naturalista
Perícia
no reconhecimento e classificação das numerosas espécies da fauna e flora do
meio ambiente do indivíduo. Inclui também sensibilidade a outros fenômenos
naturais e, no caso das pessoas que cresceram num meio ambiente urbano, a
capacidade de discriminar entre seres inanimados como carros, tênis e capas de
CDs musicais entre outros.
Capacidade de reconhecimento da flora e da fauna, distinção
coerente no mundo natural e uso de tal capacidade de maneira produtiva. Em um
contexto mais cotidiano, usamos as capacidades naturalistas para identificar
pessoas, objetos e outras características em nosso ambiente. Também faz parte
da inteligência naturalista a habilidade de observar, classificar e categorizar
objetos em uma série – como fazem crianças que colecionam figurinhas, moedas ou
selos. (GARDNER, KORNHABER; WAKE, 1998, p.
315)
Reconhecer,
classificar e encontrar padrões naturais já está instintivamente nas crianças que querem entender como as coisas
funcionam e crescem, apresentam uma fascinação quanto ao cuidado para com os
habitantes do mundo natural e apreciam classificar objetos e identificar
padrões. É interessante ressaltar que Gardner conjectura a possibilidade de sua
própria identificação da teoria das inteligências múltiplas ter emergido das
habilidades de identificação de padrões e classificação do universo naturalista.
Esta
habilidade é claramente associativa, e tem a ver com os jogos, pois estes
também têm o papel de incentivar esta
característica de modo que possibilitem, no caso do xadrez que os alunos
associem os nomes das peças ao seu movimento e possam aprender jogadas e
estratégias.
5
A EDUCAÇÃO FÍSICA E O JOGO DE XADREZ
As
atividades didáticas da disciplina Educação Física passam a ter um reforço com
a implantação de jogos de xadrez nos currículos escolares. A partir dessa
parceria os alunos terão maiores oportunidades de aprendizagem, uma vez que
suas faculdades mentais são estimuladas, bem como sua coordenação motora.
5.1 Xadrez nas aulas de educação física:
o cognitivo e o físico do aluno
Algumas
pessoas prendem-se a velhos preconceitos, afirmam que a educação física
trabalha apenas o corpo, mas não existe separação entre mente e corpo, pois
estes dois se interelacionam, um não vive sem o outro. O CREF (Conselho
Regional de Educação Física) também afirma que “Pesquisas e práticas comprovam
que o xadrez é uma excelente ferramenta para melhorar o rendimento escolar e o
desempenho desportivo”. (EF,2009, p.33)
12
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Hoje
a inteligência vem sendo associada à criatividade. Levando isso em conta, o
professor deve estimular a inteligência dos seus alunos de forma que o aluno
tome gosto pela criação, e a desenvolver suas potencialidades, fazendo com que
ele participe do planejamento e da construção das aulas. Como nos orienta a
proposta contida nos PCN’s onde se situa nos princípios construtivistas e apoia-se
em um modelo de aprendizagem que reconhece a participação construtivista do
aluno.
A
análise, a prática e o ensino do xadrez predispõem a previdência, ser zeloso
com cada decisão e compromisso assumido e ao exercício de cálculo antecipado de
possibilidade, clarividência. Muitos pedagogos acreditam que uma parcela dessas
qualidades possa ser transferida e usada em outros campos de atividade ou na
vida do jogador. De uma forma geral, o jogo apresenta-se como um elaborado
modelo para exercício de raciocínio e percepção conceitual, constituindo-se
também como um perfeito “laboratório” para projetos de informática.
O xadrez vem tendo uma grande inserção nas últimas décadas
na educação, pelos benefícios pedagógicos de sua prática, como elemento
articulador de atividades multidisciplinares e em ações de integração social em
especial com a disciplina de Educação Física, o esporte possui uma conotação
ímpar no esporte intelectual. (EF, 2009, p.33).
É
importante adotar o ensino do xadrez como ferramenta pedagógica a ser
trabalhada durante as atividades de educação física. Considera-se o jogo de
xadrez eficaz para acelerar o desenvolvimento cognitivo de crianças e
adolescentes. Além disso, motiva a inserção social porque pode ser praticado
sem limite de idade, e de capacidade física ou de classe social.
20
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6
CONCLUSÃO
Ao término desta análise é
possível concluir que o jogo de xadrez é um mediador
eficaz entre a criança e o saber, mais para que este esporte tenha uma
aplicabilidade verdadeiramente didática e necessária que os profissionais que
pretendem trabalhar com a modalidade saibam que existem diferentes pontos de
vista entre crianças e adultos e que não se aplica a mesma forma de ensinar. Para
os adultos é o que fazem quando não se tem alguma coisa mais importante, e
desejamos preencher horas vazias com algum lazer. Para as crianças é todo um compromisso no
qual lutam e se esforçam se algo não sai como querem.
Deve-se
conseguir que as crianças encontrem seu próprio sistema de ação e para isso
tem-se que evitar, sempre que possível, as soluções mecanizadas. Assim, no
Ensino Médio, com os dados de um teorema e sua ideia, a demonstração pode ser
encontrada pelo aluno, porém para que isso aconteça é importante estabelecer
pilares fortes no Ensino Fundamental.
Em
uma época na qual os conhecimentos nos ultrapassam em quantidade e a vida é
efêmera, uma das melhores lições que a criança pode obter na escola é como
organizar seu pensamento, e acreditamos que esta valiosa lição pode ser obtida
mediante o estudo e a prática do xadrez.
Nesse
trabalho, pode-se notar a importância do Xadrez no desenvolvimento da criança
no ponto de vista cognitivo, afetivo e psicomotor, e por desenvolver no
ambiente escolar essa série de dimensões importante ao desenvolvimento do
aluno, por isso que se deve investir nessas modalidades de jogo, tendo em vista
o caráter lúdico e pedagógico.
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REFERÊNCIAS
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VANINE, Jorge Vanine, Revista Digital, Disponível
em <http://www.efdeportes.com/> Acesso em: 2 nov. 2011.
ANEXOS
Professora
usa xadrez para dar lições de matemática e combater bullying
Alunos mostraram
melhora nas notas e no rendimento, diz educadora.
Estudantes voluntários ensinam jogo para outras crianças de Apiaí (SP).
Fernanda Nogueira Do G1, em São Paulo
30/06/2011 07h05 -
Atualizado em 30/06/2011 15h56
Estudantes
jogam xadrez em tabuleiro gigante
montado na E. E. Antonia Baptista Calazans Luz,
em Apiaí (SP) (Foto: Arquivo pessoal)
montado na E. E. Antonia Baptista Calazans Luz,
em Apiaí (SP) (Foto: Arquivo pessoal)
Uma vez por semana
a professora de matemática Janice Corrêa Prestes, da escola estadual Professora
Antonia Baptista Calazans Luz, em Apiaí, na região do Alto do Ribeira, no
interior de São Paulo, dispensa o giz e a lousa para jogar xadrez com seus
alunos. A prática, segundo a professora, ajuda os estudantes a ter mais
concentração, a desenvolver suas habilidades cognitivas, a ser mais
observadores, mais reflexivos e mais analíticos. Além disso, o jogo dá lições
de respeito, ética, incentiva a amizade e a participação em competições. O
xadrez também é usado em propostas de aumentar a autoestima do aluno e de
combate ao bullying.
“Noventa por cento
dos alunos gostam das aulas. Isso numa época de internet, computadores. Eles
percebem que o jogo faz diferença na vida deles. A máquina não tem vida. Quando
vão jogar, prestam atenção no outro, no olhar, na respiração”, disse Janice.
“Quando analisam a jogada, eles têm que fazer uma síntese como nos
exercícios." Segundo ela, cada peça do xadrez tem um significado que pode
ser usado para desenvolver a autoestima do estudante.
FONTE:
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